Blog da Vereadora Madalena Mafra

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Nesta sexta-feira a Bahia comemora seu dia de independência. No dia dois de Julho de 1823, foi proclamada a independência da Bahia e o Brasil pôde comemorar mais uma porção de terra livre de Portugal. Mas o que realmente foi o 2 de Julho, o que ele representou para o Brasil e qual o seu legado em nossos dias? Eis algumas considerações.

O Continente Americano, já no início do século XIX, estava em amplo processo de libertação. Países como Paraguai (1811) e Argentina (1816) já estavam livres do domínio metropolitano espanhol, já o Brasil, só se tornou emancipado em 1822. Dentro dessa realidade podemos observar que quando da independência nacional do dia 07 de Setembro (1822), algumas regiões ainda permaneciam sob o controle português. A Bahia se encontrava em poder metropolitano, ou seja, mesmo com o Brasil livre de Portugal a Bahia ainda era colônia. O curioso dessa história é que a luta baiana teve início no ano de 1821, em Novembro, isso mesmo, nós baianos iniciamos o processo de independência antes de D. Pedro a proclamar.

O 2 de Julho foi um marco em nossa história do Brasil pois, foi um processo iniciado antes do Brasil se tornar independente e, ao contrário da independência nacional que foi proclamada à revelia do povo, ou seja, não contou com sua participação, aqui houve a grande participação da população desde senhores até escravos e sertanejos como nós juazeirenses. Podemos detectar personagens femininas com, por exemplo, Maria Quitéria: a maior heroína nas lutas pela independência do Brasil, na Bahia. Maria, ao ficar sabendo das movimentações sobre as lutas da independência, conseguiu uma farda do exército e se alistou para combater as tropas portuguesas. Participou de diversas batalhas e foi consagrada solenemente na chegada do exército à Salvador e Joana Angélica: abadessa no convento da Lapa, Joana tentou proteger os soldados brasileiros contra a invasão do convento, mas acabou sendo morta. Tropas lideradas pelo Coronel José Joaquim de Lima e Silvae o General Labatut conseguiram libertar a Bahia com a expulsão de Brigadeiro português Madeira de Mello. Em 2 de Julho de 1823 a Bahia se tornou, então, livre de Portugal.

A nossa independência representou um exemplo para o Brasil. As libertações não poderiam ser conseguidas apenas com a ação de um personagem heróico e personificado como salvador da pátria. A verdadeira libertação era fruto da coletividade, da ação conjunta do povo e partiu das necessidades comuns. O povo baiano passou a sentir a necessidade da liberdade para, livres, poderem decidir seus próprios destinos. Como sabemos ao final dessa história as coisas não saíram como o esperado, mas, a intenção foi perfeita. Pena que o sonho megalomaníaco de políticos sem conhecimento do que é luta popular tenha tentado desqualificar essa luta quando modificou o nome do Aeroporto de Salvador em 1998, mas o povo de forma sábia continua a chamá-lo de Aeroporto Dois de Julho. Algumas ações populares são maiores do que as imposições dos antidemocráticos.

A herança deixada pelo 2 de Julho é, principalmente, o exemplo da força da luta popular. As mudanças não ocorrem apenas quando uma pessoa ou um grupo quer. As mudanças são fruto da consciência das necessidades populares. Sim eis o grande legado do Dois de Julho: provar que quando temos consciência das nossas necessidades, podemos transformar nossa realidade. Nossa transformação não é obra de heróis solitários, temos que tomar consciência de quem somos, do que nos faz sofrer e do que precisamos fazer para mudar nossa vida, nosso dia-a-dia para o bem estar de nossas famílias.

Viva o povo baiano em seu dia mais importante. Tomemos como exemplo a luta daqueles que lutaram para construir uma região livre e coletiva e devemos dar continuidade na realização desse sonho.

Robério da Silva Santos
Professor de História e Pós-Graduado em História do Brasil